Com cases da AMIL, Unimed Guarulhos e SAMP Autogestão, talk show debateu estratégias e mudanças para otimizar os processos da saúde suplementar
21 de setembro de 2018
O Congresso de Saúde Suplementar recebeu líderes de grandes operadoras de saúde para falar sobre algumas das estratégias adotadas pelas companhias a fim de melhorar os processos internos, reduzir custos e aumentar a qualidade dos serviços prestados.
Participaram Andrea Gushken, da Unimed Guarulhos; Carlos Braga, da SAMP Autogestão; e Waldir Leopércio, da Amil. A moderação foi de Paulo Marcos Souza, do Inlags (Instituto Latino Americano de Gestão em Saúde) que, junto à TM Jobs e Business Club Healthcare, à Hospitalar e ao Santander, promoveram o evento no dia 17 de setembro, em São Paulo.
A primeira apresentação foi da doutora Andrea, do Naps (Núcleo de Atenção Primária à Saúde) da Unimed Guarulhos, que contribuiu com o debate compartilhando, em detalhes, o Programa Viver Bem-Diabetes, criado pela operadora e que envolve todos os pontos de vista necessários para uma atenção completa ao paciente.
“Nos questionamos se realmente contávamos com um sistema adequadamente desenhado para cuidar do paciente diabético. Foi quando descobrimos que nenhum dos 64 pacientes diabéticos do grupo tinham realizado, no último ano, todos os dez cuidados mínimos”, declarou Andrea a respeito da sequência de exames e avaliações que devem ser feitas anualmente.
Redesenhar o sistema também foi preciso para integrar o paciente ao escopo do projeto, tornando-o protagonista, pois, segundo a especialista, não havia coordenação do cuidado e o paciente não participava das decisões sobre ele mesmo.
Foi criado, então, um cartão que, impresso, era mantido junto com a carteirinha do convênio para estimular o autocuidado e garantir que aquele paciente seguiria a recomendação dos dez cuidados básicos. “Foi assim que empoderamos o paciente”, declarou Andrea afirmando que, como melhorias, a equipe conseguiu ampliar significativamente a realização de exames como o fundo de olho, o exame dos pés e a microalbuminúria. Além disso, o time conseguiu aumentar a porcentagem de pacientes com IMC menor ou igual a 30 e diminuir, entre 2013 e 2017, em 44% o custo per capita de internações e em 59% o custo com pronto-socorro.
Já na SAMP Autogestão, apresentada por Braga, a mudança de conduta foi planejada adequadamente. “Quando comecei a trabalhar na SAMP, 3% da nossa população era responsável por 18% do custo. A gente precisava fazer uma mudança de conduta e da gestão dessas pessoas. Foi quando propusemos um modelo que coloca o paciente no centro do cuidado, gerando confiança e fidelização, e entregamos, para ele, saúde e qualidade de vida”, disse ao relatar que muito o incomoda as operadoras oferecerem somente o suporte para a doença em vez de trabalhar a qualidade de vida e a saúde das pessoas.
Para modificar esse modelo, foi criado um aplicativo capaz de transformar a tecnologia em humanização, o que em contrapartida gerou uma expressiva redução do custo assistencial, segundo Braga. “Começamos a perceber que os usuários, em vez de fazer o acesso pelos outros canais de comunicação como o SAC e a ouvidoria, o faziam pelo aplicativo diretamente com o enfermeiro, profissional responsável pelo monitoramento e pelo cuidado com a navegação daquele paciente dentro da operadora”, complementou.
Para ele, mudar a cultura do paciente é o ponto menos difícil de todos os processos que devem ser realizados em busca da maior sustentabilidade. “Todos os envolvidos precisam aceitar a mudança, mas o paciente é o menos difícil de convencer. Basta entregar, a ele, a qualidade que ele espera”, finalizou.
Representando a Amil, Waldir Leopércio afirmou não ter dúvidas de que essa mudança de cultura vem para melhorar todo o cenário. “O que vejo de mais extraordinário dentro do trabalho que estamos fazendo é que não atacamos somente uma parte do problema. Não há uma solução milagrosa. Não adianta pensarmos em atenção primária, coordenação de cuidados, gestão de saúde populacional, novos modelos de pagamentos e revisão de processos de forma individualizada. É o conjunto de tudo isso que fará a transformação”, declarou apontando que a Amil está na vanguarda desta mudança de cultura de forma ousada.
Atuando prioritariamente na atenção primária somada a um modelo de coordenação de cuidados baseado numa equipe multidisciplinar que dá relevância ao médico e à enfermeira de família, a operadora garante uma análise completa de sua população. “Hoje temos os 4 milhões de beneficiários integralmente mapeados. Conhecemos cada um do ponto de vista de utilização, custos e riscos. A partir disso, identificamos quais são as necessidades de cada uma das populações e, com isso, criamos um trabalho horizontalizado, uma linha que foca o cuidado integral”, complementou alertando que, hoje, a Amil já tem cerca de 40% de seus pagamentos sendo realizados fora do padrão fee for service.