Planos de saúde caros e reajustes altos: O que pode ser feito para mudar?

Os planos são caros e os reajustes altos porque tratar doenças tem custo alto, que cresce mais que a inflação e as rendas. Por isso, cuidar da saúde vai ficando mais caro, e os preços também.


Planos caros e reajustes altos não interessam a ninguém – aos pagadores, por óbvio; ao Governo porque afetam a inflação; às operadoras porque estimulam saídas antisseletivas. Se quisermos planos baratos e reajustes menores, precisamos conter os custos. Não tem outro jeito, porque dinheiro não cai do céu e o governo não tem nem o necessário para cumprir seu dever constitucional.


É necessário enfrentar as muitas causas do crescimento. Será necessário um conjunto delas: novas formas de remuneração e novos modelos assistenciais, mais centrados no indivíduo e não apenas na doença, com cuidado coordenado durante todo ciclo da atenção.


Destaco outra medida, pouco lembrada, a nossa dupla responsabilidade. Primeira, fazer uso dos recursos da saúde na medida certa – nem mais, para evitar desperdício e efeitos colaterais (ninguém ingere diariamente um coquetel de antibióticos para prevenir infecções porque arruinaria estômago, fígado e rins); nem menos, porque o problema se agravaria. Segunda, somos responsáveis por nossa saúde, que depende muito mais do estilo de vida do que da genética. Depende do meio ambiente onde vivemos, do controle do estresse e cultivo de boas relações, de amarmos e perdoarmos em vez de guardamos ódio e rancor, de temos uma alimentação saudável. Por isso, subscrevo à proposta de Nigel Crisp, de construirmos uma sociedade saudável e produtora de saúde. Está ao nosso alcance. É nossa responsabilidade.

José Cechin

Superintendente executivo do IESS

Ex-diretor executivo da FenaSaúde,

Ex-Ministro de estado da Previdência e Assistência Social.

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