Conceito da saúde baseada em valor foi tema de talk show no Congresso de Saúde Suplementar
21 de setembro de 2018
A agenda da tarde da segunda edição do Congresso de Saúde Suplementar foi iniciada com o talk show “Quais as iniciativas de mercado e mudanças em saúde baseada em valor”. Mediada por Paulo Marcos Souza, do Inlags (Instituto Latino Americano de Gestão em Saúde), a conversa contou com Cesar Abicalaffe, do Ibravs (Instituto Brasileiro de Valor em Saúde), e Goldete Priszkulnik, da Consulte. O evento foi realizado na segunda-feira, dia 17 de setembro, pela TM Jobs e Business Club Healthcare em parceria com o Inlags, a Hospitalar e o Santander.
Desembaraçando o conceito de value-based healthcare, o talk show enfatizou as perspectivas de valor dentro do setor de saúde. Segundo Paulo Marcos, “todo mundo pensa que valor é dinheiro, mas para os especialistas de saúde, valor representa entrega e resultado, enquanto para o paciente, valor é o contexto de seu atendimento”. Em concordância com Paulo, Goldete enfatizou que ainda não estamos realmente fazendo a remuneração por valor. “Valor não é dinheiro, não é financeiro. É preciso saber que o valor para o paciente é um, para nós, do setor, é outro.”
Na visão de Abicalaffe, “valor é o conceito que relaciona qualidade e custo”. Segundo ele, chegamos a um momento do nosso cenário em que é preciso sair da teoria e iniciar a prática. “Falamos a mesma coisa desde 2006. Quando teremos coragem de iniciar o processo de mudança? Chega de falar, temos que começar a colocar em prática”, declarou convidando todo o público presente a participar da edição 2019 do Clavs (Congresso Latino-Americano de Valor em Saúde), evento que será realizado dias 28 e 29 de janeiro em São Paulo.
Discutir esses temas tão importantes para uma gestão de saúde eficaz é um grande avanço para o setor. Goldete, por exemplo, aponta que questionar é papel de todos que estão interessados em promover mudanças. “Antes não havia perguntas, então nem tínhamos como pensar em respostas. Hoje temos a possibilidade de ter essas respostas”, declarou.
Valor que reduz custo – Durante o encontro, Abicalaffe apresentou dados extremamente relevantes. “Por que discutimos valor em saúde? Pois é preciso observar que a variação de qualidade está assustadora mesmo nos países de primeiro mundo”, disse apontando que um comparativo entre a prevalência de diabetes nos EUA e na Suécia afirma que enquanto 10,8% da população norte-americana convive com diabetes, apenas 4,7% da população sueca tem a doença. “Em decorrência da diabetes, os EUA fazem 17 amputações por 100 mil pessoas enquanto a Suécia, apenas três. Se os norte-americanos trouxessem tanto o custo quanto a prevalência sueca, o país economizaria US$ 250 bilhões ao ano.”
Atenção primária volta à pauta – Os especialistas em saúde baseada em valor também abordaram as questões relativas à atenção primária. Paulo Marcos enfatizou que o sistema “desvalorizou o generalista para valorizar o especialista”, o que gerou o cenário que vivemos hoje no qual há uma falta de coordenação no cuidado. Para Goldete, é necessário transparência com o paciente. “Temos de explicar, para ele, que ele precisa de atenção primária. Durante muitos anos vendemos, na saúde suplementar, o acesso e, agora, neste cenário de crise, o jogo virou”, finalizou.