Novas fronteiras na pesquisa em saúde – bioma intestinal

Nosso intestino é um segundo grande cérebro. O nervo vagal se ramifica pelo intestino e se conecta com o cérebro em via de duas mãos. O que ingerimos afeta as emoções e os estados emocionais afetam a digestão. Parte da relação é mediada pelo bioma intestinal – o conjunto de microrganismos que o habitam. Alguns são patógenos; outros são benéficos e necessários para o funcionamento do organismo, pois produzem elementos essenciais para a saúde.


Somos um ser complexo, um holobionte, composto por 3,8 trilhões de células que convivem e interagem com 38 trilhões de bactérias e 380 trilhões de vírus, produtos da longa evolução humana. Podemos tirar proveito da convivência com esses comensais? A pergunta tem sentido, pois o estado de saúde depende muito mais de nós mesmos do que da herança genética.


Volume e composição parecem indicar se o microbioma contribui para saúde e bem-estar ou se, ao contrário, é disparador de genes que predispõem para doenças crônicas. Um conjunto expressivo e crescente de pesquisas, na fronteira da ciência, revelam fortes associações entre a volume e composição da biota intestinal e doenças crônicas. Composições desbalanceadas (disbioses) estão associadas a estados crônicos. A disbiose pode ser na quantidade de microrganismos ou na sua composição e diversidade genética. Por exemplo, a síndrome do intestino irritável está associada ao crescimento exagerado de microrganismos no intestino delgado; menor diversidade é observada em pessoas com obesidade; variedade e composição também diferem entre pessoas que exercem atividade física de alta intensidade e as sedentárias ou entre pacientes de Covid-19 que tiveram casos graves da doença e casos leves.


Associações nada indicam sobre causalidade. As pesquisas devem prosseguir e serem intensificadas. Para nossa vida prática devemos nos indagar como podemos evitar disbioses que aumentam o risco de doenças crônicas, tema da próxima coluna.

José Cechin

Superintendente executivo do IESS

Ex-diretor executivo da FenaSaúde,

Ex-Ministro de estado da Previdência e Assistência Social.

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